CREA rejeita indicações de políticos para ocupar cargos técnicos

A diretoria do Conselho Regional de Arquitetura, Engenharia e Agronomia (Crea-PA) enviou ofício à governadora eleita, Ana Júlia Carepa (PT), demonstrando a insatisfação da comunidade tecnológica local com a indicação da nova equipe de governo, que, segundo o presidente da entidade, Antônio Carlos Albério, desconsiderou o caráter técnico na escolha dos dirigentes que vão administrar os órgãos cuja atividade é predominantemente técnica. Na avaliação da direção do Crea, a governadora eleita considerou apenas o caráter político na composição de sua equipe de trabalho. O Conselho aponta, principalmente, os casos das secretarias de Obras Públicas (Seop) - que terá como titular o deputado eleito Francisco das Chagas (PMDB), mais conhecido como Chicão, atual vice-prefeito de Ananindeua e estudante de Medicina da Universidade Estadual do Pará (UEPA) - e a de Transportes (Setrans), a ser dirigida pelo deputado estadual reeleito, Valdir Ganzer (PT), que é agricultor. Também há queixas pela indicação do dirigente da Empresa de Assistência Técnica (Emater), para onde irá o sociólogo Milton Zimmer.
De acordo com Albério, há 18 mil profissionais de diversas formações - entre engenheiros agrônomos, florestais, elétricos, arquitetos, geólogos, num total de vinte títulos -, além de técnicos de nível médio resgistrados na entidade, que agrega as categorias e que poderiam servir ao Estado com competência em áreas em que predominam atividades ligadas à tecnologia, mas que foram alijados do processo de escolha pela governadora eleita. 'A probabilidade de uma administração ter êxito com um dirigente da área é bem maior', defende Albério. Ele acredita que um técnico ligado ao setor facilitaria, inclusive, o diálogo com os servidores.
O documento contendo as queixas do Crea foi enviado dia 21 a Ana Júlia e, de acordo com Albério, até agora não houve resposta da governadora eleita. Ele assegura que reconhece que ela tem toda a liberdade de escolher sua equipe, mas, em áreas tecnológicas, o presidente do Crea defende que é de bom senso que o gestor indique pessoas habiltiadas tecnicamente para assumir a função.
No início do governo Simão Jatene, afirma Albério, o Crea também tomou a mesma posição em relação à indicação do vereador e empresário Sahid Xerfan para a Seop, já que também somente o aspecto político havia sido contemplado na escolha. Mesmo assim, Xerfan assumiu a secretaria, independentemente dos protestos da classe tecnológica do Estado.
No caso do governo Ana Júlia, o dirigente do Crea acredita que ela poderia reunir os dois aspectos, como o atual secretário de Transportes, Pedro Abílio, que é engenheiro. 'Nestas composições, existem técnicos que poderiam atender não só o lado profissional, mas também político. Não somos alheios. Há muitos profissionais envolvidos com os grupos políticos e que são pessoas muito competentes', sustenta Albério.
No entanto, assegura o presidente do Crea, apesar do descontentamento da categoria pelas indicações da nova equipe de governo, há um sentimento de que é preciso contribuir para que as ações do novo governo, especialmente as para o setor de construção e transportes, dêem certo. Antônio Carlos Albério assegura que este é o sentimento que prevalece entre a classe tecnológica. 'Nós estamos colocando o Crea à disposição da governadora para ajudar no que for preciso', enfatiza.

Fonte: O Liberal