27 setembro, 2007

O mau político e a perda da “mamadeira pùblica”

José Ribamar Crisóstomo da Silva* Pedagogo


O sistema político brasileiro, apesar de se imaginá-lo ao contrário, é o sistema que prepondera sobre todos os outros sistemas no Brasil. Tudo que se pretende conseguir, em quaisquer esferas administrativas deste país, se contarmos com o envolvimento da política, consegue-se com mais facilidade.
Nesse contexto, diríamos que a política é a engrenagem mestra nesse do funcionamento deste país, mesmo assim, as leis vigentes permitirem que seus representantes possam ser pessoas de qualquer grau de instrução, inclusive alfabetizados ou até mesmo analfabetos espertos.
A maioria das pessoas que dão voz e movimento à administração política neste país, defende disfarçadamente seus interesses, quando no exercício do poder, oportunidade em que deveria defender primeiramente aos da coletividade que representam legitimamente, cuja outorgação de poder se dá pelo voto durante cada pleito eleitoral.
Ao longo dos anos, a política brasileira vem servindo de trampolim para aqueles que querem enriquecer fácil. Para esses, que parecem ser a maioria dos políticos brasileiros, com o passar dos tempos, seus objetivos tem-se desvirtuado dos bons princípios sócio-políticos e do respeito à confiança neles depositada pelo povo.
No trato com a coisa pública, a coletividade tem ficado para segundo plano ou para nenhum plano, ficando as atribuições desses políticos resumidas a um emaranhado de conversas fiadas, na tentativa de enganar àqueles que lhes ajudaram a chegar ao poder; fazendo-se passar por cordeiro, quando na realidade são lobos devoradores de consciências inocentes.
Reconhecemos que ainda há bons políticos neste país; são poucos, mas ainda há os políticos que buscam a satisfazer os anseios do povo, que ainda primam pela busca do real progresso deste país, contribuindo para que tudo seja feito corretamente. Infelizmente esses políticos são obstruídos pela maioria, que enxovalha seus projetos, dificultando as suas ações na busca de servir à coletividade. Em alguns casos, os perseguem até se darem mal no processo ou tomarem a decisão de sair da política, cedendo lugar a comparsas leais dos políticos ant-populares.
Os bons políticos costumam ser cidadãos de único mandato, não chagam a se profissionalizar na política, por não procurarem aprender os caminhos das falcatruas, da busca dos benefícios mal versados e, das parcerias maliciosas, não chegam a conquistar a confiança da grande maioria e são deixados à deriva de algumas informações sobre como pleitear certas ações favoráveis ao povo. Aí, é só enxovalhá-los através da mídia, acusando-os de incompetentes, inertes, e colocar o povo contra eles.
Quanto ao perfil do mau político é, no mínimo inusitado, ele age como morcego que ao se alimentar, à medida que suga o sangue da sua vítima, a abana com as azas para que não sinta a dor da bicada.
O seu principal interesse é participar do “bolo”; é “mamar na mamadeira pública”, ou seja, merecer os favores do sistema em troca de nada.
Nessa situação, ele permanece calado quando o assunto é criticar o governo. Só fala quando é para apoiar as atitudes do governante, aliás, esse apoio é indistinto e inconteste; tudo que está sendo feito é correto e, em seus pensamentos, o governo está caminhando no rumo certo e “o povo é quem vai ganhar com isso”. Pratica o jogo da covardia fria em defesa dos seus próprios interesses.
Por mais que esta forma de agir venha a prejudicar a comunidade, esse espécime de político prefere continuar agindo assim. Para ele o importante é ele próprio, sua família e seus seguidores, o restante que se dane!
Porém, quando o mau político é afastado da “mamadeira pública”, não se reelegendo ou perdendo os favores e os privilégios durante o mandato, ele se torna irreverente e, no intuito de voltar a receber os favores do sistema, ou seja, a participar dos dividendos e etc, ele usa a mídia ou outros meios de comunicação de massa e grita desesperado, apontando e tornando públicos os supostos erros do governo, porém, o seu objetivo maior é ser chamado novamente para se esbaldar na “mamadeira pública”; encher a barrica, ou melhor, os bolsos, às custas do erário público.
Que pena! Político assim, vive à deriva dos princípios da moral e da cidadania; preferem se arrastar como os répteis ao em vez de dar passos largos em direção da verdade e do seu crescimento como homem público.
O mau político é tão astucioso, que quando fica sem mandato, ao em vez de procurar refazer as suas atividades particulares, ele se acosta à pessoa que está representando o poder, de preferência o poder executivo, no intuito de continuar ganhando fácil, ou seja, permanecer vivendo às custas do erário público.
Para evitar que seu plano fracasse, ele se torna um puxa-saco de quem esteja do poder, mesmo que seja um dos seus desafetos. E, na perseguição do seu objetivo, ele tira os sapatos e as meias do mandatário, quando este chega do serviço em casa, leva seus filhos à escola, faz-lhe as compras do supermercado, lava seu carro, faz fuxico dos seus correligionários; não larga do pé dessa pessoa; é o primeiro que chega na residência oficial quando começa o dia e o último a sair; se deixar, ele prefere dormir, mesmo que seja num dos corredores. Faz de tudo, até conseguir um bom emprego público: (uma assessoria, uma diretoria, ou um secretariado, mesmo que não tenha qualificação intelectual para essas funções).
Quando atendido pelo mandatário, ele volta a fazer as falcatruas. Agora ele mama na “mamadeira pública” até esguichar o “leite”, afinal de conta não é ele quem vai se acertar com o TCU no final do mandato. Quando chegar essa fase, ele viaja e fica bem longe, sorrindo da situação do seu apadrinhador.
Oxalá que o povo das mais diferentes comunidades brasileiras, venha a ser politizado o suficiente para deixar de acreditar nesse tipo de gente e manter os poderes públicos fora do alcance dessas traças humanas, obtendo assim, a possibilidade de ser menos castigado por essas feras devoradoras do suor de pessoas inocentes, e assim possamos está aptos a conquistar as melhorias de que o país brasileiro tanto carece.
Não nos direcionamos a ninguém. Objetivamos mostrar que o povo percebe esse tipo de desleixe de alguns gestores, porém, em sendo o povo brasileiro pacato e não aguerrido, costuma deixar as providências ao encargo dos seus representantes nos poderes constituídos. Infelizmente esses representantes o têm decepcionado, conivindo com esse tipo de abuso, permitindo que o dinheiro público continue sendo submetido à vulgaridade administrativa.
Na atual conjuntura vê-se falar por todas as partes do Brasil, que a receita é menor que as despesas, principalmente nas administrações públicas. No entanto, os nomes de inúmeros políticos sem mandato, na sua grande maioria despreparados, estão sempre sendo lançados nas folhas de pagamentos das prefeituras municipais e outras instituições públicas de várias cidades deste país. Oxalá que os nossos políticos venham a modificar a sua maneira de pensar a respeito da administração pública e da valorização dos recursos financeiros públicos, que são tão suados, quanto qualquer outro recurso, não devendo, portanto, ser usado como instrumento de favorecimento indevido a pessoas descompromissadas com o progresso do nosso país.

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