18 janeiro, 2007

Gasoduto do Mercosul aquece Pará

PRESSA - Governo paraense já se empenha nas negociações sobre o traçado da obra
Um gasoduto que pode chegar a 9 mil quilômetros de extensão, que sairá da Venezuela, cruzará o Brasil (e o Pará) e chegará à Argentina através da Patagônia: o convênio para este megaprojeto foi assinado em dezembro de 2005, em Montevidéu, capital uruguaia, pelos presidentes do Brasil, Luís Ignácio Lula da Silva, da Venezuela, Hugo Chavez, e da Argentina, Nestor Kirchner. A partir de amanhã, o Pará entra na briga para que o projeto saia do papel e traga desenvolvimento para o Estado.
Hoje a governadora Ana Júlia, o secretário estadual da Indústria, Comércio e Mineração, Maurílio Monteiro, e o secretário de Governo, Cláudio Puty, viajam para o Rio de Janeiro, onde participam, amanhã, da Reunião de Instalação do Fórum Consultivo de Municípios, Estados e Províncias do Mercosul. Na reunião e no Fórum, os representantes do governo paraense vão tratar de forma direta da construção do gasoduto (razão que levou a Venezuela a integrar-se ao Mercosul).
'É um projeto de integração energética da América do Sul, a partir do gás natural da Venezuela, que não apenas geraria empregos imediatos, como representaria uma fonte de energia mais barata e limpa, e pode alavancar novos negócios e a instalação de novos parques industriais no Pará', define o titular da Seicom, Maurílio Monteiro. O custo total do gasoduto é de US$ 23 bilhões, divididos entre Venezuela, Brasil e Argentina. A intenção do presidente Lula (que defendeu o projeto durante o segundo turno da campanha eleitoral, em outubro passado) é incluí-lo no programa plurianual do governo federal, com início da construção já em 2008 e término previsto para sete anos depois.
À medida em que etapas do gasoduto forem concluídas, se abrirão os chamados city-gates, portões para as cidades, com imediato abastecimento destes municípios e Estados.
No dia 7 de dezembro passado, no Palácio do Planalto, em Brasília, Lula e Hugo Chavez ratificaram o convênio e foi criada uma comissão para estudar detalhes técnicos e ambientais sobre o projeto. O primeiro relatório da comissão está previsto para o final deste mês de janeiro. Caso o gasoduto seja construído, a primeira parte a ser finalizada será a que liga a Venezuela ao Norte do Brasil (ao Pará).
DESENVOLVIMENTO
'O projeto criaria no Pará outra rota de infra-estrutura e desenvolvimento, o que poderia possibilitar, por exemplo, a verticalização da produção mineral no Estado', destaca Maurílio Monteiro. 'O gás natural seria uma alternativa ecológica à produção do ferro gusa, feita com carvão vegetal ou mineral: com o gás, poderíamos produzir o ferro esponja, também utilizado na industrialização do aço.'
A diversificação industrial (e conseqüente desenvolvimento, com geração de emprego e renda) seria a maior vantagem do projeto, de acordo com o titular da Secretaria da Indústria e Comércio. Mais de vinte municípios do oeste e sudeste do Pará seriam beneficiados diretamente, oferecendo uma nova alternativa enérgica para o crescimento, entre outras, das cidades que integram a Calha Norte.
CONCORRÊNCIA
Como um projeto de 23 bilhões de dólares é garantia de empregos e desenvolvimento, ainda mais se tratando de energia, outros Estados já entraram na briga para mudar o trajeto original do gasoduto. Uma das alternativas seria a entrada do gasoduto por Manaus, de onde seguiria para Brasília e dali para o Sul; e outra ainda sugere que entre por Manaus e dali vá para Fortaleza, de onde seguiria para Brasília e dali, pelo litoral, atingiria o Sul do País.
A arquiteta e urbanista Ana Cláudia Cardoso, assessora do governo do Estado, preparou um relatório preliminar com as primeiras avaliações do projeto numa perspectiva de interesses regionais. No relatório, Ana Cláudia diz que 'a viabilidade técnica terá papel significativo na argumentação' para a escolha do trajeto final do gasoduto.
Ao final das considerações, a urbanista conclui que, 'em termos econômicos, a ampliação da oferta de energia na região oeste, sul e sudeste do Pará pode consolidar a produção pecuária, já extremamente sofisticada em municípios como Xinguara, e a produção agrícola na Transamazônica. Entretanto, é necessário que o Estado apresente estratégia consistente de enfrentamento de problemas técnicos e de mitigação dos impactos ambientais a serem gerados.'
Projeto tenta evitar os impactos ambientais
Um megaprojeto de US$ 23 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões) desperta reações apaixonadas, contra e a favor, não apenas no Brasil, mas pelo mundo. Entre os defensores, prevalece o argumento de que a necessidade do investimento na geração de energia para o avanço tecnológico justifica a construção do gasoduto. (Seria um esforço necessário para a exploração de recursos naturais da América do Sul e integração do continente.)
Entre os que são contra o projeto do gasoduto do Mercosul, destaca-se o sociólogo sueco Dieter Gawora (que escreveu um longo artigo sobre o tema, disponível na internet) que sugere a utilização de plantas para liquefazer o gás e outras para gaseificá-lo; assim, o transporte do gás por meio de navios especiais seria a alternativa mais viável para a importação e abastecimento do produto tanto pelo Brasil e como pela Argentina. Com isso, defende o sociólogo, se aliviariam os prováveis impactos ambientais sobre a Amazônia.
'O governo do Estado do Pará adotará todas as medidas possíveis e cabíveis para evitar ou diminuir estes impactos', garante o secretário Maurílio Monteiro. 'Já tomamos, inclusive, a primeira medida: elaboramos na Seicom um novo trajeto alternativo para o gasoduto, evitando assim que ele cruze as áreas de reserva e preservação ambiental já existentes no Pará.' (Veja nesta página o gráfico original da rota do gasoduto e o alternativo, elaborado pela Seicom.)
'O Estado precisa se desenvolver, precisa gerar empregos, necessita de investimentos', lembra Maurílio. 'Um projeto dessas dimensões não envolve apenas os empregos diretos gerados durante a construção, mas pode ser decisivo para o desenvolvimento do Estado a longo prazo, já que se trata de energia. Estaremos defendendo o projeto no Mercosul dentro destas perspectivas, conscientes de nossa missão tanto em relação à população, com quem será debatido, quanto à natureza e ao meio ambiente de nossa região', destacou o secretário.
O que é gás natural
O gás natural, conhecido como combustível do futuro, é uma mistura de hidrocarbonetos leves que, à temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece no estado gasoso. É constituído predominantemente por metano (CH4) com teor mínimo em torno de 87%. Por não possuir enxofre na composição, o gás natural não lança compostos de enxofre na atmosfera durante a queima, tornando uma fonte de energia (e combusítvel) mais barata e que quase não polui.
Na natureza, o gás natural é encontrado acumulado em rochas porosas no subsolo, freqüentemente acompanhado por petróleo, constituindo um reservatório. É empregado como combustível, em indústrias, casas e automóveis. Atualmente, o maior gasoduto existente na América do Sul é o 'Bolívia-Brasil', com 3.150 km, e que desde maio de 1999 transporta gás de Santa Cruz na Bolívia a São Paulo e Estados do sul do Brasil até Porto Alegre. A América Latina (Central e do Sul) consome 4% do total mundial.
Fonte: O Liberal

Anúncio provido pelo BuscaPé
Baixaki
encontre um programa:
www.g1.com.br