Pesquisas investigam o poder da fé na cura
Quando a medicina chegou a seu limite, a saúde piorou e a morte ficou mais próxima, Eliana, 34 anos, Maria Aparecida, 63, e Climene,74, encontraram ajoelhadas, de olhos fechados e em meio a lágrimas, um tratamento que nenhum hospital se arriscaria a oferecer. À força da oração seguiu-se uma reviravolta no diagnóstico. Se para elas nunca foi dúvida creditar a cura à fé, a ciência até bem pouco tempo rejeitava essa possibilidade. Hoje há cientistas que não só se curvaram à religião como estão dispostos a provar que o poder da oração chega até quem não sabe rezar.
Se antes Eliana Gonçalves Conceição encontraria a explicação para a cura da leucemia rara do seu filho apenas na Bíblia, agora as respostas estariam também nas pesquisas que se propuseram a desvendar os efeitos da espiritualidade na evolução da saúde. Aos 2 anos, o menino enfrentou duras sessões de quimioterapia e aprendeu a rezar para Santo Expedito com a mãe. O desafio de casos como esse provocou uma explosão de livros e doutorados médicos que aproximam a religiosidade do mundo científico.
Entre 1900 e 1980, período em que a ciência caminhou de costas para a fé, foram produzidos, em todo o mundo, apenas cem estudos sobre o tema. O número teve um acréscimo de mil novas publicações entre 2000 e 2003. De lá para cá, outras 1.700 pesquisas. Os resultados transcendem a saúde mental. Os pesquisadores afirmam ter encontrado melhoras físicas.
Dos cinco trabalhos sobre a influência da religiosidade no sistema imunológico, os cinco comprovaram efeitos positivos, o que aumenta as chances de recuperação nas doenças. A mortalidade por câncer também foi menor nos religiosos e os dados estão comprovados em cinco dos sete estudos sobre o tema. Os problemas causados pela hipertensão foram até 70% menores nos que desenvolveram a espiritualidade, como mostrou 14 das 23 pesquisas. A incidência de enfartes e problemas cardíacos foi comprovadamente mais baixa em 7 das 11 teses que tiveram a proposta de estudar o assunto. Todos os resultados foram reunidos pelo psiquiatra Franklin Santana, da Faculdade de Medicina da USP.
'A comprovação científica quebrou um pouco a resistência dos médicos em compreenderem os impactos da espiritualidade. Tanto é que faculdades renomadas já implantaram disciplinas para orientar os profissionais a lidarem com a fé dos pacientes', afirma Alexander Moreira de Almeida, psiquiatra da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora (MG) e coordenador do Núcleo de Pesquisa de Espiritualidade em Saúde (Nupe).
Foi o desespero ao receber a notícia de que seu filho Gabriel tinha chances mínimas de sobreviver que levou Eliana à capela do hospital onde o menino estava internado. 'E foi o poder divino que me fez olhar para baixo e encontrar um santinho de Santo Expedito jogado no chão. Descobri que Gabriel nasceu no dia do santo (19 de abril). Minha vida se transformou em oração e meu filho também sentiu vontade de rezar', lembra ela, quatro anos depois os exames já mostraram que a leucemia foi embora.
Doença, época e santo diferentes fizeram Climene Sarmento, aos 32 anos, andar de joelhos pela igreja do Jabaquara para agradecer a cura da nefrite aguda, certa de que São Judas Tadeu trouxe o remédio. 'Os médicos tinham dúvidas. Deus sempre me deu certezas', conta ela, que ainda reza com devoção diariamente, 42 anos depois que nenhum problema novo apareceu.
Os exames científicos mostram que os efeitos provocados no organismo de Climene por orações a São Judas são os mesmos sentidos por Maria Aparecida Martins, 63 anos, com as oferendas à Iemanjá. 'Perdi minha perna para a diabete. Mas ganhei força para sair da cama com a minha ‘mãezinha’.'
IMUNIDADE
'O cérebro é provocado com o rezar, orar, meditar ou ter postura positiva', fala a professora de Bioética da Universidade São Camilo, Ana Cristina Sá. 'Hormônios que relaxam, melhoram a imunidade e a sensação de bem-estar são liberados. Esse impacto influencia na saúde e foi o mínimo que a ciência já conseguiu provar ao estudar a espiritualidade, que vai além da religião.' A reação química que a crença causa é o argumento que os descrentes do poder da religião usam.
Fugir do tratamento não ajuda
Se as pesquisas se esforçam para mostrar os efeitos positivos da espiritualidade, os dados científicos também revelam as conseqüências negativas da religião. Os que defendem o poder da fé também ressaltam as situações nas quais ela traz problemas. Todos os especialistas citados na matéria acima reforçam que 'a fé falha' quando exclui qualquer tratamento convencional. E se a religiosidade vier acompanhada de uma postura passiva, esperando que 'só Deus resolva', a evolução também está fadada ao fracasso.
Por estar convencida de que a religião isolada não traz melhora sem o comportamento otimista, a apresentadora Ana Maria Braga - que andou de joelhos pelo Santuário de Nossa Senhora de Fátima após a cura do câncer que a deixou perto da morte em 2000 - afirma que os efeitos positivos seriam alcançados independentemente da religião. A defesa fervorosa de que a mente é responsável pela as reações do corpo faz com que ela sinta-se 95% responsável por sua cura. É para propagar essa postura que Ana Maria acaba de lançar o livro 'O Segredo por Ana Maria Braga', publicado com o selo da editora Nova Fronteira. Ela conversou com a reportagem.
Como relacionar a cura de uma doença à postura individual?
É você quem decide se vai se entregar a um problema de saúde ou brigar a favor de você. Eu nunca pensei no pior, nunca acreditei que seria vencida. Foi uma luta que eu deflagrei a favor de mim. Se a medicina não tem explicação porque pessoas têm reações tão diferentes para o mesmo tratamento, eu estou convencida de que é a postura que interfere nisso. Se o pensamento é capaz de promover tantas reações que eu não controlo, imagina se eu tentar controlar. Posso dizer, com toda certeza que, com relação à doença que eu enfrentei, os médicos são responsáveis por 5%. O resto foi comigo.
Se antes Eliana Gonçalves Conceição encontraria a explicação para a cura da leucemia rara do seu filho apenas na Bíblia, agora as respostas estariam também nas pesquisas que se propuseram a desvendar os efeitos da espiritualidade na evolução da saúde. Aos 2 anos, o menino enfrentou duras sessões de quimioterapia e aprendeu a rezar para Santo Expedito com a mãe. O desafio de casos como esse provocou uma explosão de livros e doutorados médicos que aproximam a religiosidade do mundo científico.
Entre 1900 e 1980, período em que a ciência caminhou de costas para a fé, foram produzidos, em todo o mundo, apenas cem estudos sobre o tema. O número teve um acréscimo de mil novas publicações entre 2000 e 2003. De lá para cá, outras 1.700 pesquisas. Os resultados transcendem a saúde mental. Os pesquisadores afirmam ter encontrado melhoras físicas.
Dos cinco trabalhos sobre a influência da religiosidade no sistema imunológico, os cinco comprovaram efeitos positivos, o que aumenta as chances de recuperação nas doenças. A mortalidade por câncer também foi menor nos religiosos e os dados estão comprovados em cinco dos sete estudos sobre o tema. Os problemas causados pela hipertensão foram até 70% menores nos que desenvolveram a espiritualidade, como mostrou 14 das 23 pesquisas. A incidência de enfartes e problemas cardíacos foi comprovadamente mais baixa em 7 das 11 teses que tiveram a proposta de estudar o assunto. Todos os resultados foram reunidos pelo psiquiatra Franklin Santana, da Faculdade de Medicina da USP.
'A comprovação científica quebrou um pouco a resistência dos médicos em compreenderem os impactos da espiritualidade. Tanto é que faculdades renomadas já implantaram disciplinas para orientar os profissionais a lidarem com a fé dos pacientes', afirma Alexander Moreira de Almeida, psiquiatra da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora (MG) e coordenador do Núcleo de Pesquisa de Espiritualidade em Saúde (Nupe).
Foi o desespero ao receber a notícia de que seu filho Gabriel tinha chances mínimas de sobreviver que levou Eliana à capela do hospital onde o menino estava internado. 'E foi o poder divino que me fez olhar para baixo e encontrar um santinho de Santo Expedito jogado no chão. Descobri que Gabriel nasceu no dia do santo (19 de abril). Minha vida se transformou em oração e meu filho também sentiu vontade de rezar', lembra ela, quatro anos depois os exames já mostraram que a leucemia foi embora.
Doença, época e santo diferentes fizeram Climene Sarmento, aos 32 anos, andar de joelhos pela igreja do Jabaquara para agradecer a cura da nefrite aguda, certa de que São Judas Tadeu trouxe o remédio. 'Os médicos tinham dúvidas. Deus sempre me deu certezas', conta ela, que ainda reza com devoção diariamente, 42 anos depois que nenhum problema novo apareceu.
Os exames científicos mostram que os efeitos provocados no organismo de Climene por orações a São Judas são os mesmos sentidos por Maria Aparecida Martins, 63 anos, com as oferendas à Iemanjá. 'Perdi minha perna para a diabete. Mas ganhei força para sair da cama com a minha ‘mãezinha’.'
IMUNIDADE
'O cérebro é provocado com o rezar, orar, meditar ou ter postura positiva', fala a professora de Bioética da Universidade São Camilo, Ana Cristina Sá. 'Hormônios que relaxam, melhoram a imunidade e a sensação de bem-estar são liberados. Esse impacto influencia na saúde e foi o mínimo que a ciência já conseguiu provar ao estudar a espiritualidade, que vai além da religião.' A reação química que a crença causa é o argumento que os descrentes do poder da religião usam.
Fugir do tratamento não ajuda
Se as pesquisas se esforçam para mostrar os efeitos positivos da espiritualidade, os dados científicos também revelam as conseqüências negativas da religião. Os que defendem o poder da fé também ressaltam as situações nas quais ela traz problemas. Todos os especialistas citados na matéria acima reforçam que 'a fé falha' quando exclui qualquer tratamento convencional. E se a religiosidade vier acompanhada de uma postura passiva, esperando que 'só Deus resolva', a evolução também está fadada ao fracasso.
Por estar convencida de que a religião isolada não traz melhora sem o comportamento otimista, a apresentadora Ana Maria Braga - que andou de joelhos pelo Santuário de Nossa Senhora de Fátima após a cura do câncer que a deixou perto da morte em 2000 - afirma que os efeitos positivos seriam alcançados independentemente da religião. A defesa fervorosa de que a mente é responsável pela as reações do corpo faz com que ela sinta-se 95% responsável por sua cura. É para propagar essa postura que Ana Maria acaba de lançar o livro 'O Segredo por Ana Maria Braga', publicado com o selo da editora Nova Fronteira. Ela conversou com a reportagem.
Como relacionar a cura de uma doença à postura individual?
É você quem decide se vai se entregar a um problema de saúde ou brigar a favor de você. Eu nunca pensei no pior, nunca acreditei que seria vencida. Foi uma luta que eu deflagrei a favor de mim. Se a medicina não tem explicação porque pessoas têm reações tão diferentes para o mesmo tratamento, eu estou convencida de que é a postura que interfere nisso. Se o pensamento é capaz de promover tantas reações que eu não controlo, imagina se eu tentar controlar. Posso dizer, com toda certeza que, com relação à doença que eu enfrentei, os médicos são responsáveis por 5%. O resto foi comigo.
Agência Estado
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