25 maio, 2008

Mineradoras se queixam da falta de energia elétrica

A região oeste do Pará vive atualmente um boom em empreendimentos minerais, recebendo investimentos que somam mais de R$ 2 bilhões. O principal minério explorado na região é a bauxita - matéria-prima do alumínio. Em 2009, a produção deve ultrapassar 20 milhões de toneladas. Com as pesquisas que estão sendo realizadas e os novos investimentos previstos, a produção deve ultrapassar 30 milhões de toneladas em dez anos. No entanto, todo este minério sai da região na forma bruta, semiprocessado, sem qualquer industrialização. A verticalização tem sido cobrada por entidades do setor produtivo, lideranças e movimentos sociais.
Mas com toda esta produção, o que impede que o minério retirado nas enormes jazidas seja transformado em alumínio na própria região? Júlio Sanna, presidente da Mineração Rio do Norte, a maior produtora de bauxita do Brasil, tem uma resposta curta e objetiva: falta energia elétrica em quantidade e qualidade para a industrialização. O executivo participou, no meio da semana, de uma reunião com empresários na sede da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (Aces), onde foi questionado sobre a verticalização da produção. 'O maior entrave ainda é a falta de energia', disse, explicando que a industrialização é um processo eletrointensivo que requer energia atualmente sem disponibilidade na região.
Júlio informou que, no caso da MRN, que explora há três décadas uma jazida de bauxita no Rio trombetas, em Oriximiná, a energia é toda produzida pela própria empresa, através de grupos geradores. A região onde está localizado o projeto, a Calha Norte do rio Amazonas, não é servida com energia da hidrelétrica de Tucuruí. A única fonte geradora são usinas tocadas a diesel. Segundo Júlio Sanna, é impossível fazer um planejamento de investimento em verticalização sem que haja o fornecimento de energia, pois as usinas a diesel não conseguem gerar a quantidade necessária para o processo industrial e, além disso, este processo de geração é muito caro.
A diretoria da Aces questionou por que então não se planeja uma estrutura de verticalização na margem direita do rio Amazonas, em Santarém, por exemplo, que recebe energia de Tucuruí. O presidente da MRN explica que os investimentos em verticalização são muito altos e foram planejados levando-se em conta que a região não possuía energia. 'Além disso, pelas informações que eu tenho, a energia que chega aqui não tem condições de tocar um projeto deste', destacou Júlio Sanna.
O executivo não vê, a curto prazo, a possibilidade da verticalização mineral no oeste paraense, principalmente pelos investimentos já feitos nas plantas de industrialização existentes, no Pará e no Maranhão. No entanto, ele acredita que é possível desenvolver a região a partir da atividade mineral. 'Países que são grandes produtores primários, como o Chile e o Canadá, conseguiram obter um extraordinário desenvolvimento', comparou, destacando que é preciso aproveitar a presença destes grandes empreendimentos minerais na região para se buscarem alternativas de desenvolvimento econômico e social.
A MRN produziu, no ano passado, 18 milhões de toneladas de bauxita, mesma produção prevista para este ano. O minério é retirado dos platôs (minas), levado para uma área onde é britado e, depois, passa por um processo de lavagem. Na seqüência, é transportado em vagões até o porto, onde é colocado em navios e transportado por mais de mil quilômetros pelos rios Trombetas e Amazonas, até o porto de Vila do Conde, de onde é conduzida até a Alunorte, em Barcarena. Somente lá é que ocorre a industrialização, com a transformação da alumina (uma espécie de farinha de alumínio) em lingotes, que são exportados.

Projetos

Em Juruti, no extremo oeste paraense, a mineradora Alcoa está implantando um projeto de mineração de bauxita, com investimentos na ordem de R$ 1,7 bilhão. No próximo ano, a empresa já deverá produzir as primeiras toneladas de bauxita, mas novamente o minério sairá da região na forma bruta. A industrialização vai acontecer na Alunorte, no Maranhão, que recentemente teve a sua capacidade ampliada para poder beneficiar o minério retirado do Pará.
Além da MRN e da Alcoa, a região poderá receber outro grande empreendimento mineral. A empresa Rio Tinto Alcan encontrou o que pode ser a maior reserva de bauxita do mundo, entre os municípios de Monte Alegre e Alenquer, também na Calha Norte, com potencial para pelo menos quatro bilhões de toneladas. A empresa evita criar expectativa em torno do projeto, afirmando que está somente em fase de pesquisa, mas prevê investimentos de até R$ 4 bilhões, caso se confirme a viabilidade da exploração.
O empreendimento que a Rio Tinto pretende fazer no Baixo Amazonas pode gerar mais de dois mil empregos diretos e mais 15 mil indiretos. Isso com a implantação da refinaria que transforma a bauxita em alumina e com uma produção média de dez milhões de toneladas de bauxita por ano e 2,5 milhões de toneladas de alumina. O projeto inclui a construção de um mineroduto para transportar a bauxita até próximo ao rio Amazonas, onde seria transformada em alumina e embarcada em um porto construído pela empresa.
O Liberal

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