13 outubro, 2008

Ribeirinhos do alto TApajós são contra hidrelétrica

Moradores de comunidades tradicionais do alto Tapajós, no município de Itaituba, anunciaram esta semana que estão dispostos a entrar na Justiça para impedir a construção de duas hidrelétricas, bem como da hidrovia Teles Pires-Tapajós, anunciadas no mês passado pelo diretor geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, Luís Antônio Pagot, em visita a Santarém.
Naquela ocasião, o diretor do DNit declarou que o Governo Federal definiu o rio Tapajós como prioritário para a geração de energia elétrica e também para o transporte dos grãos produzidos no Mato Grosso.
As declarações feitas por Pagot revoltaram os comunitários, sobretudo da localidade de São Luis do Tapajós, onde está prevista a instalação de uma das usinas hidrelétricas. Nessa área, segundo o morador Sebastião Rodrigues, o rio poderá ser dinamitado para aumentar a profundidade e a cachoeira que existe no local seria aproveitada para geração de energia. Rodrigues é integrante de um grupo formado por 16 comunitários, que foram a Santarém para pedir esclarecimentos ao Ministério Público Federal (MPF) sobre as medidas que podem ser tomadas para impedir que as obras sejam efetivadas.
ESTUDOS - No MPF os comunitários foram informados de que os projetos em questão ainda estão em fase de estudos e que nenhuma obra pode ser construída sem que antes seja comprovada a sua viabilidade, tanto ambiental quanto social. Os moradores também foram informados de que todas as comunidades serão ouvidas, caso os estudos apontem para a viabilidade das obras.
No entendimento dos comunitários, tanto a construção da barragem quanto o aumento da profundidade do rio devem causar prejuízos ao meio ambiente e às famílias da área.
Um dos primeiros impactos decorrentes das obras seria o aumento do volume das águas do Tapajós, o que provocaria a inundação de dezenas de comunidades que estão situadas às margens do rio.
Reunião trata de alternativas
Enquanto a necessidade por energia no Brasil cresce em torno dos 5% ao ano, a região Norte vem acumulando uma demanda anual em torno dos 12%, impulsionada principalmente pelos investimentos anunciados pelas empresas mineradoras instaladas no Pará. Os dados foram apresentados pela Eletronorte durante a primeira reunião da Comissão de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), realizada ontem, na sede da instituição, em Belém.
De acordo com o presidente da Eletronorte, Jorge Palmeira, o crescimento do setor produtivo brasileiro vem se tornando tão expressivo que para atender a atual demanda seriam necessárias outras hidrelétricas com a mesma ou potência superior a de Belo Monte, que depois de instalada terá a capacidade de abastecer 25 milhões de novas residências no Brasil. "Para atender ao atual ritmo de crescimento do país seria necessário, mais ou menos, uma Belo Monte por ano", afirmou Palmeira.
Durante a reunião, ficou decidido que a comissão será responsável em levar à sociedade informações mais consistente sobre a hidrelétrica de Belo Monte, destacando os benefícios do empreendimento para o Estado, para a região e para o país.
"Infelizmente o único discurso apresentado para a sociedade continua sendo aquele formatado por ONGs, em sua grande maioria européias, que não estão preocupadas com o desenvolvimento desta nação" disse o presidente da comissão e titular do Centro das Indústrias do Pará (CIP), José Maria Mendonça.
A próxima reunião da Comissão de Energia da Fiepa está marcada para o próximo dia 24 de outubro, na sede da federação.
Juscelino Ferreira/Diário do Pará

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