13 abril, 2009

Garimpeiros acusam Valmir Climaco de terrorismo

* Por Carlos Cruz


Homens que estavam sem trabalho nos povoados e cidades do Vale do Tapajós seguem pelas conhecidas trilhas onde pretensamente pode haver ou onde foi encontrado ouro, em busca de fortuna encoberta na terra. A maioria desses aventureiros esteve nos garimpos de Serra Pelada e do Creporizão, os lendários garimpos da Amazônia dos anos 1980.
Na localidade Bom Jesus, distante duas horas de helicóptero do município de Itaituba, na região Oeste do Pará, o boato sobre achado de ouro é mais intenso. O rumor sobre um novo filão de ouro já atraiu duas mil pessoas, todas com esperança da riqueza fácil.
O aumento do preço do ouro no mercado externo, provocado pela crise financeira, e a falência de madeireiras ilegais estão fazendo aumentar a temperatura dessa nova “febre de ouro”.
Segundo a imprensa local, existem cerca de 10 mil pessoas vivendo a nova corrida do ouro em garimpos de Altamira, Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso. É uma área onde a tradição da garimpagem tem mais de um século. A atividade, porém, vive de ciclos. É comum ouvir na região que, em 1983, o movimento do aeroporto de Itaituba era muito intenso, perdendo “apenas” para os de São Paulo e Rio de Janeiro. Flagrante feito na sala de passageiros do aeroporto da cidade paraense mostra um monomotor em cima de outro, resultado de uma aterrissagem em uma pista curta e pátio de estacionamento lotado.
DESMATAMENTO - Muitas são as histórias de contaminação dos rios e igarapés de Itaituba, por mercúrio usado no processo de limpeza do ouro. Especialistas, porém, avaliam que a garimpagem, ao aquecer a economia local, ajuda a retardar a chegada da pecuária e da indústria madeireira, apontadas por ambientalistas como as atividades que mais desmatam.
Dados de 2007 do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) mostram que o Município perdeu 7% de sua cobertura original. Em Xinguara, no Sudeste paraense, Município de pecuária extensiva, o índice chegou a 88%.
Nenhuma autoridade tinha colocado os pés no garimpo do Bom Jesus até a última terça-feira, quando o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) desceu de helicóptero no local, em companhia da governadora Ana Júlia e do vice-governador Odair Corrêa. Sem poder de influência e sem dinheiro, o Ministro disse que queria conhecer “a realidade que não está nos livros”. Num encontro com garimpeiros e prostitutas, ele ouviu relatos sobre três pessoas mortas por malária e uma série de casos de escravidão.
DENÚNCIAS - Garimpeiros relatam que, após a descoberta do filão, apareceu no Bom Jesus o madeireiro Valmir Climaco. Em poucos dias, apresentou documento de permissão de lavra e instalou sete máquinas para separar o ouro do barro e das pedras. Ele não é patrão dos garimpeiros, mas os homens que retiram sacos de terra do rio dependem dos moinhos para limpar o ouro. Na véspera da chegada de Mangabeira, Climaco havia sofrido um acidente de avião e estava hospitalizado.
DIREITOS – Em um barracão lotado de homens, uma mulher de cabelos compridos se destacou nas reclamações contra o madeireiro. Francisca de Carvalho, 36 anos, a Kika, tomou a palavra: “Aqui todo mundo tem medo de falar”, disse, em voz alta. “Verdade”, gritaram em eco os garimpeiros. “No garimpo tem duas mil pessoas, mas só dez fazem ouro, por causa do curimã”, completou a mulher.
Os garimpeiros explicaram ao Ministro que “curimã” é a segunda passagem da terra e das pedras na máquina. O “capitalista” dono do equipamento fica com 20% do ouro produzido na primeira passagem de terra e repassa 80% para o garimpeiro. Só o empresário, no entanto, põe as mãos no ouro do “curimã”. Ele ainda fica com l0% extraído por meio de processo químico e cobra R$ 400 pela energia consumida por cada barraca coberta de palha.
Segundo os garimpeiros, a estrutura de poder no local é garantida pela presença de seis homens armados, que trabalhariam para o dono das máquinas.
Desde a descoberta do ouro, três pessoas morreram em decorrência de doenças, sem tratamento. “Quando um colega adoeceu, tivemos de fazer vaquinha para tirar ele daqui”, afirma Alex Rodrigues, 39 anos. José Ivan Mota de Lima, 45 anos, reclama da falta de direitos trabalhistas. “Não temos patrão, mas tem gente ficando com todo o nosso ouro. Quero saber se isso pode existir?”, questionou.
Jornal Impacto

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Os garimpeiros são homens trabalhadores e de muita fibra, espero que não deixem se levar por pessoas que não tem nenhum compromisso com Itaituba e nem tão pouco com o povo. abrem o olho, já dizia minha vó!!!

abril 13, 2009 11:09 PM  
Anonymous Anônimo said...

Será que estamos voltando no tempo.... Diga não ao abuso de poder, nossos filhos precisam de uma Itaituba diferente com progresso e sem violência.precisamos dar um basta nesses coroneis.

abril 13, 2009 11:13 PM  
Anonymous Anônimo said...

Só sei dizer uma coisa: " O VALMIR E SUA CAMBADA SE LASCARAM" É isso que dá tomar a prefeitura de Roselito. A justiça é feita aqui mesmo na TERRA. Besta aquele que pensa que as coisas são resolvidas em um outro momento. Afinal, DEUS nem cochila, muito menos dorme. Itaituba merece um pouco mais de respito. Esse bando do Valmir merece tudo que está passando.

fevereiro 09, 2011 10:40 PM  

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