20 novembro, 2006

Itaituba tem projeto ambiental para conscientizar os garimpeiros

O índice de contaminação por mercúrio na população de Itaituba é proporcional ao que a atividade garimpeira representa na economia do município. A metade de toda a renda gerada no município, que tem mais de 100 mil habitantes, é oriunda da extração de ouro. Para o secretário municipal de Mineração e Meio Ambiente, Dirceu Frederico, a saúde dos garimpeiros pode ter uma melhora significativa com a adoção de medidas simples como, por exemplo, a construção de latrinas. 'Não adianta reprimir, mas sim orientar. São idéias simples, mas que fazem diferença', diz o secretário.
A primeira tentativa implantada foi o projeto de educação ambiental denominado 'Cuide de seu Tesouro'. 'Eles têm que se ver como ser humano', reafirma Dirceu. Através de cartazes, vídeos e palestras, os garimpeiros foram instruídos desde a reutilização do mercúrio através de retortas (vaso de vidro ou louça com o gargalo curvo para baixo, apropriado para operações químicas) até a manter limpo seu ambiente de trabalho'. Além disso, a campanha também abordou o uso de preservativos e a utilização de mosqueteiros para dormir, evitando-se, assim, doenças como a dengue. Segundo Dirceu, o projeto já englobou cinco garimpos às margens do rio Tapajós.
Meta
A retorta é um equipamento utilizado no processo de agregação do ouro com utilização do mercúrio. Colocado dentro da retorta com o ouro, o mercúrio evapora em alta temperatura e depois é repassado a um recipiente com água, podendo ser reaproveitado. A meta do projeto 'Cuide de seu Tesouro' é entregar 100 retortas às comunidades garimpeiras ao longo do Tapajós até o final deste ano.
O uso da retorta traz várias vantagens ao garimpeiro, que passa a proteger o meio ambiente (por não contaminar mais os recursos naturais), reduz seus custos (pois pode reaproveitar o mercúrio) e deixa de inalar o vapor de mercúrio (um dos metais mais tóxicos existentes na natureza). De acordo com a coordenadora do projeto, Zuleica Castilhos, que é farmacêutica e doutora em Geoquímia Ambiental, 'quando retortas são utilizadas, as perdas são muito baixas, menos de 0,05% do mercúrio. Sem o equipamento, mais de 50% do mercúrio vai para o ambiente'. Zuleika afirma que há um interesse do garimpeiro em reciclar o mercúrio através das retortas. Porém, quando aumenta o preço do mercúrio ou a fiscalização se torna mais rigorosa, o que resulta em multas, a reciclagem registra queda.
Para que os resultados na melhoria da qualidade de vida nos garimpos paraenses sejam viáveis, o trabalho envolve pesquisadores e participantes também do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Secretaria Executiva de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam), Associação São José Liberto, Associação dos Mineradores de Ouro do Tapajós (Amot), Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) e Environmental Protection Agency (EPA), que é a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos.
A criação de linhas especiais de créditos para a atividade garimpeira foi defendida por Marcello Veiga em correspondência enviada ao secretário de Geologia e Mineração do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Scliar. No documento, o pesquisador propõe uma aliança entre os governos federal, estadual e municipal 'para a condução de estudos que visem a melhoria da qualidade de vida da população que vive do garimpo'.
Fonte: O Liberal

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