18 janeiro, 2007

Resgatado mais um corpo em cratera

Tragédia: Advogada de 37 anos estava em um microônibus tragado pelo buraco
São Paulo - Agência Estado
Às 20h20 do quinto dia de buscas na cratera aberta no canteiro de obras do metrô no bairro de Pinheiros, em São Paulo, foi resgatado ontem o corpo da advogada Valéria Alves Marmit, de 37 anos. Ela estava no microônibus sugado na Rua Capri, que foi parar na boca do túnel entre as Estações Pinheiros e Faria Lima. Peritos colheram as impressões digitais da vítima ainda antes do resgate, o que permitiu a rápida identificação. Do outro lado da cratera, perto da Marginal do Pinheiros, cadelas farejadoras do Corpo de Bombeiros localizaram outro corpo, provavelmente o do caminhoneiro Francisco Sabino Torres, de 44 anos, funcionário da obra. Um dos motivos que dificultaram a operação de remoção do corpo da advogada foi o fato de as pernas da passageira terem ficado presas sob o banco da van.
Os bombeiros não conseguiram, por falta de segurança, trabalhar no resgate da outra vítima. O cunhado do motorista, Antonio Sabino, ficou indignado. 'Queria que alguém fosse cavar onde o Francisco está, tirar ele de lá.' Os parentes de possíveis vítimas já tinham reagido ao anúncio de que o resgate ficaria suspenso por três ou quatro dias, feito à 0h40 de ontem pelo Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras. As famílias esperavam que o trabalho fosse acelerado depois da localização, às 14 horas de anteontem, do primeiro corpo de vítima - o de Abigail Azevedo, de 75 anos, resgatado na segunda-feira. Às 10h50 de ontem, porém, os trabalhos foram retomados. 'Injetamos concreto na parte frontal acima do microônibus para evitar novos deslizamentos', disse o representante do consórcio, Márcio Pellegrino.
Os parentes dos outros desaparecidos admitiram ter perdido as esperanças de encontrar alguém vivo. Era o caso de Priscila Moura Leite, filha do motorista da van, Reinaldo Leite. 'Agora só aguardamos o corpo para ter um enterro digno.' Mulher do cobrador Wescley Adriano da Silva, Thaís Ferreira Gomes, grávida de 8 meses, precisou de atendimento médico de madrugada, mas à tarde já aguardava por notícias. 'Agora eu sei que ele está morto mesmo. Eu vou dizer para o meu filho que seu pai era um trabalhador e ele morreu trabalhando.' À tarde, os parentes das vítimas se reuniram com o promotor José Carlos Blat, que os orientou sobre as medidas judiciais para requerer indenização.
Segundo geólogos, ainda há risco de novos desabamentos nos túneis em que trabalham os bombeiros - na direção da Rua Ferreira de Araújo e da Avenida Faria Lima. Cada avanço deve ser meticulosamente estudado para evitar novos acidentes, porque o túnel funciona como uma espécie de ralo de escombros e terra. 'Não acredito que haja mais risco às casas ao redor, mas o trabalho dos bombeiros é delicado, pois há avarias nos túneis', afirmou o geólogo Cláudio Riccomini. O engenheiro Faiçal Massad, ex-presidente da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, disse que o talude (aclive formado pela terra na cratera) está muito íngreme e pode ser necessário parar as buscas.
Fonte: O Liberal

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