11 abril, 2007

Juruti protesta e faz acusações à Alcoa


A instalação de uma fábrica para extração e beneficiamento de bauxita da multinacional Alcoa - maior produtora de alumínio do mundo - no município de Juruti, oeste do Pará, está trazendo prejuízos ambientais para a cidade. É o que consta de relatório de vistoria e avaliação técnica elaborado pelo Ministério Público do Estado em janeiro passado e divulgado ontem. Assinado pelo engenheiro Dilaelson Rego Tapajós, o relatório afirma que a empresa vem cometendo falhas ambientais desde que chegou à cidade, no segundo semestre do ano passado. Ontem, a população de Juruti saiu em passeata, em protestos contra a empresa. Vestidos com roupas pretas, eles acusaram a Alcoa de ignorar os problemas sociais da cidade e provocar derramamento de esgoto nos dois principais igarapés, o lago Jará e o igarapé do Fifi. Durante a manifestação, estudantes carregaram garrafas plásticas com água poluída, supostamente retirada dos mananciais.
O problema dos igarapés também foi citado pelo engenheiro do Ministério Público. Segundo o laudo de vistoria, o esgoto dos alojamentos onde moram empreiteiros da empresa estaria sendo despejado diretamente no igarapé do Fifi. 'Vale ressaltar que as pessoas aproveitam diretamente essas águas e que, ao final, esse sistema lança águas residuais com altas taxas de coliformes fecais. O sistema é precário e potencialmente perigoso', descreve o engenheiro.
Para o técnico, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam) não tem fiscalizado as ações da empresa e se limita a acompanhar 'de forma protocolar' os relatórios emitidos pela multinacional sobre o trabalho nas suas próprias áreas, ignorando os impactos negativos para o restante da cidade, causados, na maioria dos casos, pelo aumento populacional. 'Há necessidade de incluir a sede do município de Juruti como área de influência direta do projeto de mineração', aconselha o engenheiro.
DESCONHECIMENTO
O gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais da Alcoa, Maurício Macedo, disse ontem que a empresa não tem conhecimento do relatório do Ministério Público. 'Se há sugestões, a empresa deveria receber o relatório. Nós seguiríamos com todo o respeito que temos ao Ministério Público', disse ele. O gerente admitiu a falha no sistema de esgotamento sanitário dos alojamentos, mas disse que o problema foi resolvido e que na próxima semana um novo sistema começará a funcionar. Ele negou que a Sectam não esteja fiscalizando o trabalho ou que a Alcoa não esteja atuando em parceria com a prefeitura, outra falha apontada no relatório. Garantiu que a Sectam esteve em Juruti, em novembro e em março passado, vistoriando as ações da empresa e que recentemente foi criado um grupo de trabalho formado por representantes da prefeitura, da comunidade e da empresa para discutir ações ambientais e sociais que podem ser implementadas no município. 'Temos reuniões semanais com o prefeito', explicou ele.
O gerente informou ainda que, em janeiro, foi lançada uma agenda positiva de ações ambientais e de infra-estrutura para a cidade e que as atividades estão previstas nos Planos de Controle Ambiental (PCAs). Todo o trabalho envolve um aporte de recursos de aproximadamente R$ 80 milhões para os próximos dois anos. Há previsão para contrução de 16 salas de aula, reforma e reaparelhamento do hospital e construção de um novo hospital, além da contrução de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e Tratamento de Água (ETA).
O projeto Juruti prevê a construção de uma planta de extração e beneficiamento de bauxita com capacidade para processar 2,6 milhões de toneladas por ano. O investimento, de US$ 550 milhões, prevê a construção da planta de extração e beneficiamento, um porto, uma ferrovia e uma rodovia com cerca de 50 quilômetros cada uma. A empresa tem previsão de começar a operar em junho do ano que vem.
Fonte: O Liberal - Foto: Celivaldo Carneiro

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