26 julho, 2007

Indios da etnia mundurukus realizam assembléia

Indígenas da etnia munduruku, residentes no médio e alto Tapajós, especialmente nas 120 aldeias do município de Jacareacanga, se reuniram no último final de semana para realizar a 19ª Assembléia do povo munduruku
O encontro iniciou na sexta-feira, 20 e terminou na segunda-feira, 22; na aldeia Karapanatuba á 15 minutos de lancha (voadeira), uma das principais aldeias da tribo.
Foram três dias de muita discussão e trocas de experiências entre os indígenas. A assembléia contou a participação de autoridades políticas do município, bem como, diretores da FUANI e FUNASA, órgãos responsáveis pelos índios brasileiros.
Os temas destaques no encontro foi com relação a saúde dos índios, principalmente quanto o atendimento feito pela Fundação Esperança, entidade contratada pela Funasa para cuidar da saúde dos índios daquela região. Os índios reclamam que a entidade não vem cumprindo com o que se propôs e com isso compromete a saúde dos índios. Segundo eles, algumas pessoas morreram por falta de atendimento adequado.

Os indígenas reivindicaram saneamento básico nas aldeias, valorização da medicina tradicional dos índios, atendimento nos pólos base, ensino médio nas aldeias e a implantação de um posto avançado da FUNAI na sede do município de Jacareacanga, uma reivindicação antiga da tribo munduruku.
Segundo Osimar Barros, diretor regional da FUNAI em Itaituba "ainda este ano o posto será implantado". A implantação do posto vai ajudar na fiscalização das ações importantes para os índios, principalmente a questão da saúde, que segundo as lideranças indígenas, "vem tirando o sono de todos nós".
No inicio deste ano ocorreram várias mortes entre os índios nas aldeias do alto Tapajós e no encontro, as lideranças atribuíram ao péssimo atendimento realizado pela Fundação Esperança.

Isaias Crixi, vereador e representante da aldeia Sai-Cinza uma das maiores aldeias da região, disse que por várias vezes já foi discutido a questão da saúde com os indígenas e as lideranças da FUNASA, para até momento nada foi resolvido. Isaías alegou motivos políticos.
José Crixi, indígena e vice-prefeito de Jacareacanga, disse que a Prefeitura assumindo funções que seria de responsabilidade da FUNASA.
Já Rosivaldo Ferreira, representante do Distrito Sanitário do Tapajós, que também participou da assembléia e ouviu atentamente as reivindicações dos índios, ele disse que a Fundação Esperança vem realizando um bom trabalho em relação a saúde dos índios. Rosivaldo acrescentou que vem acompanhando o trabalho da Fundação Esperança e vem dando o suporte necessário a fim de atender os anseios da população indígena e na sua opinião a Fundação Esperança vem trabalhando com seriedade.

O fato é que desde o cancelamento do convênio entre a FUNASA e a Prefeitura de Jacareacanga, em maio de 2005, as autoridades do município vêm alegando que o atendimento à saúde dos índios é precário e acusam a Fundação Esperança de não cumprir com o contrato e sempre afirmando que a quebra do convênio seria por motivos políticos. No entanto, tanto os diretores da FUNASA, quanto o Deputado Federal Zé Geraldo, em outras oportunidades disseram que o problema é que a prefeitura está inadimplente com a FUNASA, por isso, perdeu o convênio e enquanto não resolver esse problema não há como viabilizar um novo convênio. Tanto é que a nossa reportagem teve acesso a um dossiê com mais de mil páginas relatando indícios de fraude nos repasses dos recursos da FUNASA para a Prefeitura de Jacareacanga. A prova é que em algumas comunidades tem obras inacabadas. Uma equipe foi enviada aos locais para averiguar a veracidade dos fatos e descobriram que obras de infra-estrutura, como implantação de sistema de abastecimento de água foi enviado o recurso, mas a obra não foi concluída e o dinheiro desapareceu. Alguns postos de saúde que serviriam para atender centenas de índios, até o momento não saíram do papel; "e não se pode atribuir a política partidária à falta de seriedade com os recursos públicos".

O prefeito Carlos Veiga disse que em 2005 retiraram o convênio da prefeitura, "e hoje" segundo ele "os próprios indígenas estão reclamando, não houve melhora, esperamos que daqui pra frente as coisas melhorem".
Nonato Veríssimo, superintendente da FUNASA no Pará, participou da reunião e ouviu atentamente os indígenas, avaliou como positiva a reunião e disse que em sua opinião é positivo o trabalho que a Fundação Esperança vem realizando nas aldeias indígenas do alto Tapajós. "Eu avalio que nós estamos num crescente avanço, na melhoria, em que pese todas as dificuldades que nós temos". "Acreditamos que estamos conseguindo a cada dia que passa, melhorar os indicadores epidemiológicos".

Província do Tapajós

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