15 janeiro, 2008

Índios mundurukus ocupam Distrito Sanitário Especial em Itaituba

Vinte e três lideranças indígenas representantes das 107 aldeias Munduruku do município de Jacareacanga ocuparam ontem, 13, a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Tapajós, em Itaituba. Pertencente à Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o distrito abrange as regiões do médio e alto rio Tapajós e administra as ações de saúde em 116 aldeias. A ocupação, que começou às 18 horas, foi a maneira encontrada pelas comunidades para prestar solidariedade ao atual chefe do distrito, Raimundo Rosilvado Ferreira, que estaria prestes a ser exonerado. Os indígenas querem a permanência de Raimundo Rosilvado no cargo.
O coordenador da Associação Indígena Pussuru, o índio Munduruku José Ermiliano, não é de hoje que politicos do PMDB de Itaituba vem tentando substituir o atual chefe do Dsei Tapajós. 'A situação já vem de algum tempo, mas nõs não queremos a saída de Rosilvado. Ele está no cargo há dois anos e vem fazendo um bom trabalho. Ele quer ajudar a população indígena e sempre ouve as comunidades. Ele faz um trabalho junto com os índíos, ouvindo os índios', explica a liderança, acrescentando que os indígenas não vão aceitar a interferência dos 'políticos brancos na vida dos índios', a liderança está se referindo ao pré-candidato a prefeito de Itaituba pelo PMDB, Valmir Climaco, que quer colocar no cargo Angela Reges, irmã do ex-prefeito Benigno Reges. 'A comunidade indígena é quem diz o rumo que quer para saúde nas aldeias', acrescenta Emiliano.
O vereador de Jacareacanga Gerson Manhoari Munduruku, que acompanha as lideranças indígenas na ocupação, diz que os índios só deixarão a sede do Dsei quando houver a confirmação da permanência de Raimundo Rosivaldo no cargo. 'Amanhã (hoje) vamos pedir uma reunião com representantes da Funai, Funasa e Ministério da Saúde. Queremos gente que decida essa situação de uma vez por todas. Se a situação não se resolver, vamos chamar os caciques de 97 aldeias e seus guerreiros para aumentar a ocupação e fazer pressão', diz o vereador.
Sem o atual administrador, diz Gerson Manhoari, os índios temem que a situação da saúde indígena na região, que já é precária, se torne ainda pior. 'Estamos fazendo uma recuperação agora, sem a continuidade do trabalho, é possível até que retiremos os indios internados nas casais (hospital onde os indios ficam internados) para morrerem nas aldeias, até que essa situação seja resolvida. Nós queremos que a comunidade indígena continue a trabalhar junto com o pessoal do Distrito, não queremos interferências políticas aqui', acrescenta.

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