06 janeiro, 2008

Professor terá piso salarial em 2008

A criação de um piso salarial nacional para os professores — que deverá ser bancado com os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) — promete uma acirrada disputa este ano. Metade dos docentes da rede pública ganha menos de R$ 950 por mês — valor do piso em discussão na Câmara —, segundo o ministro Fernando Haddad. O Fundeb não apenas ficará livre dos cortes orçamentários provocados pelo fim da CPMF como receberá R$ 1,2 bilhão a mais do governo em 2008.
O piso é uma antiga reivindicação do magistério e deveria ter sido aprovado em 2007, como previa a emenda constitucional que criou o Fundeb. Inconformados com a demora, sindicatos de professores pressionaram o Planalto a editar medida provisória em dezembro. A idéia não foi adiante por causa da reação negativa dos parlamentares. O projeto deverá ser votado em regime de urgência neste primeiro semestre.
Haddad diz que, sem o piso, não será possível melhorar a qualidade do ensino público, o que ameaça a principal meta do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE): garantir que, em 2021, os alunos brasileiros atinjam a pontuação já obtida por estudantes de países desenvolvidos em 2003, em avaliações internacionais. “Tanto não dá que propusemos a criação do piso nacional. Temos que dar dignidade à carreira do magistério, resgatar a dívida histórica com os professores.”
Em 2008, o Fundeb deverá movimentar R$ 61,8 bilhões. Quase todo o dinheiro (95%) pertence aos governos estaduais e às prefeituras. A complementação federal atingirá R$ 3,2 bilhões — R$ 1,2 bilhão a mais do que em 2007. Pela lei, 60% dos recursos devem cobrir gastos com pessoal.
O governo propôs piso mensal de R$ 850. Na Câmara, a Comissão de Educação aumentou o valor para R$ 950, com prazo de três anos para prefeituras e governos estaduais adequarem-se à nova realidade. Assim, o piso seria atingido só em 2010, com reajustes parciais em 2008 e 2009. O projeto já passou pela Comissão de Trabalho, mas faltam as comissões de Finanças e a de Constituição e Justiça. Só depois irá ao Senado.“
Que pai ou mãe sonha que seu filho seja professor para ganhar R$ 400, R$ 500 ou R$ 600 por mês? Vamos continuar com falta de professores e, o que é mais grave, atraindo profissionais que acabam seguindo a carreira por falta de opção”, diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra Rezende, que é secretária em Tocantins.
PRESSÃO - A demora na Câmara preocupa a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que pressionou o governo para editar medida provisória: “Estamos contra o relógio”, diz a presidente da entidade, Juçara Dutra Vieira. O presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), rejeita a idéia da medida provisória: “Por que o piso não pode esperar, se até o Orçamento vai ficar para abril? A matéria é difícil, alguns têm dúvida sobre a sua constitucionalidade. Não podemos acelerar sem perguntar aos prefeitos e governadores se estão em condições de arcar com a despesa imediatamente.” O governo enviou o projeto à Câmara em abril. Os deputados anunciaram que votariam a matéria até 31 de agosto, mas o ano terminou sem que isso tenha ocorrido. O piso salarial faz parte do PDE, o chamado PAC da Educação. Em 2006, o Senado aprovou projeto do senador e ex-ministro Cristovam Buarque (PDT-DF) que também estabelece um piso nacional. A proposta será analisada na Câmara, em conjunto com o projeto do governo.O Fundeb financia de creches ao ensino médio, inclusive nas modalidades de educação de jovens e adultos e ensino especial para alunos com necessidades especiais. Recebe mais verbas federais do que o extinto Fundef, que financiou o ensino fundamental de 1998 a 2006, com repasses médios de R$ 500 milhões por ano. Os recursos federais vão para os estados mais pobres, onde a arrecadação própria é insuficiente para atingir um patamar mínimo de gasto por aluno. Em 2007, oito estados receberam dinheiro da União. (BRASÍLIA-DF - AG)

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