06 março, 2008

Santarém investiga mortes por dengue

Duas pessoas morreram ontem com suspeita de dengue hemorrágica em Santarém. Alex Andrade Nascimento, 14 anos, e Geraldo Alves, 38 anos, estavam internados no Hospital Municipal de Santarém (HMS) com os sintomas da doença. Alex morava no distrito de Mojuí dos Campos, a 60 km da sede de Santarém, e foi internado na noite de terça-feira, 4. Geraldo chegou ao hospital no dia 28 de fevereiro, mas veio doente do município de Novo Progresso.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sespa) ofereceu aos municípios o teste rápido para diagnóstico da dengue, mas até o início da noite de ontem os resultados dos exames não foram divulgados. O material coletado foi enviado à Divisão de Vigilância em Saúde (Divisa) do município.
Segundo a diretora do HMS, Francimary Silva, Alex Nascimento deu entrada no hospital em estado de choque. 'Ele chegou em estágio avançado. Foi transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas não resistiu', explicou. Os familiares de Alex informaram que o rapaz já estava doente há mais de uma semana e que o quadro começou a piorar no sábado, 1. No dia seguinte, com febre alta e fortes dores no corpo, ele foi levado ao HMS.
Se comprovada a morte por dengue hemorrágica, Alex será a terceira vítima da doença em Santarém apenas neste início de ano. As outras duas foram Charlesvaldo Alves, 40 anos, que era tenente da Brigada Armada da Marinha, e Mateus Félix da Silva, 6 anos, que morreu no Hospital Regional Público do Oeste.
Santarém enfrenta um surto de dengue que preocupa a população, mas a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) garante que a doença está sob controle. Segundo a secretaria, em 2001 foram 5.337 casos, o maior índice de dengue na cidade dos últimos anos. Em 2002, a Semsa registrou 1.171 casos. No ano seguinte, foram 327. Em 2004, reduziram-se a 214 e em 2005 foram 611. No ano de 2006, a secretaria registrou 40 casos. No ano passado, foram 41.
Nesse início de 2008, a secretaria informou que já foram contabilizados 71 casos, quase o dobro do ano passado. 'A doença está sob controle devido aos trabalhos de vigilância nos bairros e programas de conscientização', garante Francimery Silva, acrescentando que a população também deve contribuir para o controle da doença. 'A Semsa não pode invadir a casa das pessoas para limpar o quintal. A população tem de fazer a sua parte', finalizou.
Nos dois primeiros meses de 2008, a Sespa registrou 16 casos de dengue hemorrágica em todo Estado, sendo que quatro pessoas morreram em conseqüência de complicações da forma clássica da doença. A assessoria do órgão também informou que já foram notificados 2.213 casos da dengue clássica nos dois primeiros meses de 2008.
No mesmo período do ano passado, o total de registros de casos de dengue - incluindo a forma clássica e a hemorrágica - foi de 779. Durante todo o ano passado foram 14.388 de dengue, sendo 19 de dengue hemorrágica, com saldo de 11 mortos.
Faltam médicos no Pronto-Socorro
A falta de médicos provocou revolta entre as pessoas que procuraram, ontem à noite, o Pronto Socorro Municipal (PSM) da 14 de Março, em Belém. Segundo admitiram alguns funcionários da unidade de saúde, o volume de pacientes é muito grande e, de fato, não há profissionais suficientes para atender a demanda. De acordo com um técnico em enfermagem que não quis se identificar, o médico que era responsável pela triagem dos pacientes morreu na semana passada e não foi substituído até agora. Ontem, para complicar a situação, o clínico geral também chegou atrasado, o que acabou gerando ainda mais confusão.
Uma das pacientes que passaram mal enquanto aguardavam atendimento é a dona-de-casa Neuza Neres Nolácio, de 48 anos. Oriunda do município de Jacundá, ela fez uma cirurgia no coração há cerca de quatro meses e precisa vir periodicamente a Belém para fazer o acompanhamento médico. A dona-de-casa sempre fica hospedada em uma casa que recebe pacientes do interior do Estado. Foi um dos funcionários dessa entidade, localizada no bairro da Terra Firme, quem levou Neuza para o PSM ontem à noite. 'Acontece que ela começou a sentir muita falta de ar e tosse há cerca de dez dias. Nós a levamos para o Hospital das Clínicas, onde ela faz o acompanhamento da cirurgia, mas lá disseram que o problema nada tinha a ver com a operação e que, portanto, devíamos trazê-la para o PSM. Aqui, no entanto, não tem ninguém para atendê-la. Nos mandaram para o PSM do Guamá, mas não temos condições de transferi-la e eles também não nos dão ambulância para isso', denunciou José Ribamar dos Santos. Segundo ele, quando a reportagem chegou ao local, já fazia cerca de duas horas que a paciente estava aguardando atendimento, sentada na sala de visitas do hospital.
Quem também estava indignado com a situação era o autônomo Augusto Menezes. Segundo o rapaz, a bisavó dele, de 90 anos, está há três dias internada no PSM, com o fêmur quebrado. Em todo esse tempo, ela sequer teria recebido qualquer medicação por parte da equipe médica do centro de saúde. 'Quando nós trouxemos a vovó para cá, eles fizeram um raio-x e detectaram que o fêmur dela estava quebrado. Decidiram interná-la, mas disseram não saber se poderiam operá-la, por causa da idade avançada. Enquanto isso, a vovó está morrendo de dores lá em cima e eles não fazem nada. Agora, parece que vão transferí-la amanhã (hoje) de manhã, mas, como há a possibilidade de cirurgia, a deixaram sem comer hoje o dia inteiro. Imagina como é ruim para uma senhora de 90 anos ficar esse tempo todo sem se alimentar, isso sem nem mesmo ter a certeza da operação', relatou.
O Liberal

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