07 julho, 2008

Rádio Rural - 44 anos

Programas inesquecíveis da Rádio Rural
Dayan Serique
Quando ainda criança e não tínhamos televisão eu e meus 8 irmãos crescemos ouvindo a Rádio Rural graças a Senhora chamada Ruth Rodrigues Nobre, que com carinho cuidou a todos nós e não largava de jeito nenhum o seu radinho, sintonizado na Rádio Rural.
São inesquecíveis as tarde em que ia ao ar o Programa Parada Social e Correspondente Rural que se destinava à interlocução entre os familiares que se encontravam nas comunidades do interior e até o mais distantes garimpos. Nos domingos o Programa Correspondente Rural era a grande atração.
Neste Programa chamado Correspondente Rural era marcado pela linguagem utilizada nas mensagens e os códigos utilizados para pedir dinheiro e para dizer que alguém da família estava doente e que a esposa se encontrava em dificuldades eram bastantes criativas e engraçadas, muitas chegavam a dizer que se o marido demorasse a mandar dinheiro ela teria que dar a “criança”, sem falar com o término das mensagens que dizia: Quem ouvir essa mensagem, favor retransmitir ao destinatário.
Outro ponto de destaque era a cobertura da Rádio Rural nas eleições e quando se ouvia a vinheta RÁDIO RURAL NA MARCHA DA APURAÇÃO às pessoas corriam para perto do rádio para acompanhar as notícias e os comentários. Minha mãe, a professora Marilza Serique e eu fazíamos o mapa de apuração através de anotações em folhas de papel almaço, com as informações da rádio as duas eleições do meu pai a vereador, o professor Raimundo Navarro, nós já sabíamos com antecedência, graças às notícias obtidas pela Rádio Rural.
A Rádio Rural ao longo de seus 44 anos construiu uma história de pioneirismo nas notícias e na credibilidade que ela passava, chegando ao ponto das pessoas dizerem: “É verdade sim, saiu na Rural!!!
Censura na Rádio Rural
Adelson Sousa
Tive o privilégio de compor a equipe da rural atendendo convite do jornalista Manuel Dutra e tenho a convicção de que correspondi a tamanha responsabilidade.
A respeitável credibilidade da emissora de sempre sair a frente na divulgação das notícias com responsabilidade e isenção, mantendo uma postura cítica e ética. As fontes eram fartas, confiança mesmo de que a informação chegava ao público sem ser deturpada.
Sempre foi muito forte aquela vinheta de noticia extraordinária, quando aquilo tocava parece que fazia eco na cidade. Assim como fazia eco o sinal da Rural nos dias de Rai x Fran lotado no Barbalhão. Mudanças aconteceram com a saída de Manuel Dutra que fixou residência em Belém e a influência política do ex deputado Benedito Guimarães (com a compra de vários horários da programação) foi a tônica de um período em que a emissora esteve sob o comando do Padre Valdir Serra.
Por tentarmos manter a linha jornalistica orientada por Manuel Dutra, passamos maus momentos juntamente com o companheiro Ormano Sousa, chegando a ser impedidos de apresentar os noticiosos. Produziamos os jornais que iam ao ar após uma “revisão”, numa censura velada, e não podiamos apresentar. Chegamos a voltar a aprsentação, mas, o rigor da “revisão” foi mais intenso.
Eu apresentava o Jornal do Meio Dia em parceria com o Coordenador de Jornalismo, que prefiro não mencionar o nome, ainda hoje mantenho amizade. Os cortes a determinadas notícias se sucediam e eu solicitava ao Coordenador de jornalismo para não fazer aquilo. Pedia que ele me determinasse a reformulação das matérias, para corrigir possíveis erros ou mesmo a necessidade de aprofundamento das informações. Mas os cortes continuavam. A paciência que nunca foi meu forte estava no limite.
Conversei com o coordenador de jornalismo e pedi para que ele me tirasse da apresentação que faziamos em dupla, pois caso eu continuasse apresentando e os cortes permanecessem, eu iria dizer no ar que o Jornal estava sofrendo censura. No mesmo dia houve corte de matéria e ao final do jornal em que cada um diz uma frase e os nomes dos apresentadores eu disse: ESTA FOI MAIS UMA EDIÇÃO CENSURADA DO JORNAL DO MEIO DIA. Foi a última vez que apresentei um noticioso da emissora retornando a “geladeira” por algum tempo para depois ser demitido. Isso cusou um grande transtorno pessoal, pois dona Joci tinha tido há apenas 9 dias a nossa terceira filha, a Jocelne e o aperto financeiro foi enorme.
As notícias censuradas eu conseguia divulgar no Jornal Estado do Tapájós, onde também trabalhava, mas é claro não tinha a mesma repercussão da Rural que atingia rapidamente todas as camadas sociais, na cidade, no interior e até em outras cidades.
Outro fato marcante ocorreu depois de ter saído. No estágio supervisionado do curso de Pedagogia da UFPa a equipe que eu estava foi para uma comunidade do interior para ministrar aula para professores. Durante a aula, quando me apresentei, uma professora da escola reconheceu meu nome e declarou que muitas vezes tinha ministrado aula tendo como tema notícias que tinhamos divulgado no jornalismo da Rural. Por lá ainda mantenho amigos e da Rádio Rural ainda guardo boas recordações como o reconhecimento e o respeito dos ouvintes. A Rádio Rural por não ter um cunho estritamente comercial, exerceu papel fundamental no desenvolvimento de Santarém e da região. A programação com entretenimento, esportes, religiosa e educativa voltada para uma formação crítica marcou época.

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