Protesto deixa Novo Progresso às escuras

Um grupo de moradores da Vila Isol, localizada no quilômetro 1000 da BR-163 (Santarém - Cuiabá), derrubou uma das torres da linha de transmissão que leva energia elétrica ao município de Novo Progresso. Cerca de 5 mil casas ficaram sem luz por dois dias. De acordo com a concessionária de energia esta é a segunda vez que uma torre metálica é derrubada na localidade. Para a polícia, o ato é uma forma de protesto.
A torre mede cerca de 30 metros de altura e estava localizada a 100 km de Novo Progresso, às margens da BR 163. A estrada de terra e o intenso período de chuvas que atingem a região neste período do ano fizeram com que a pista ficasse intrafegável, dificultando ainda mais o trabalho dos técnicos da distribuidora de energia.
O delegado de Novo Progresso, Antônio Silva, explica que os moradores da Vila derrubaram as torres porque o 'linhão' passa por cima da Vila, mas a luz não chega às casas. 'Muitos dos geradores responsáveis por conduzir a energia até as casas da Vila Isol apresentam problemas frequentemente, o que faz com que a luz só chegue até a cidade. Revoltados, os moradores derrubaram duas torres usando serras. É provável que, se o problema não for resolvido, eles venham a fazer a mesma coisa', disse.
Apesar de se tratar de uma série de protestos pedindo melhorias, Antônio ressaltou que os culpados receberão punição. 'Entendemos a situação deles, mas a Polícia não pode permitir que quaisquer reinvidicações sejam feitas de forma criminosa. Obviamente, nós não podemos prender a população de uma vila inteira, mas as investigações estão procedendo e nós esperamos encontrar os culpados pelas derrubadas'.
OBRAS
O gerente jurídico da Rede Celpa, Raúl Ferraz, disse que a comunidade é uma das que estão sendo atendidas pelo programa governamental 'Luz para todos', no qual a Vila Isol será beneficiada com a construção de um novo sistema de transmissão de energia. As obras irão expandir as linhas de transmissão mais próximas e adaptar a tensão da rede de distribuição para atender a comunidade apropriadamente.
'Temos um prazo de 180 dias a partir do mês de março para concluir as obras em questão, que, inclusive, já começaram. As lideranças comunitárias da região aprovaram o nosso cronograma de trabalho em uma reunião com o Comitê Gestor Estadual do programa. Acredito que uma atitude como essa não vai levar a nada, pois não acelera o ritmo das obras', disse Ferraz, que também explicou que os geradores citados pelo delegado Antônio faziam parte de um sistema gerenciado por moradores locais, e não pela concessionária.
Ele ainda justificou a demora na conclusão das obras, lembrando que o período de chuvas é uma época difícil para a realização de trabalhos desse tipo naquela região devido ao grande volume das chuvas e à intrafegabilidade no acesso à BR-163. 'Também é importante lembrar que as obras estão sendo realizadas dentro do prazo acordado entre as duas partes', finalizou.

O Liberal