Indígenas fazem protesto em Jacareacanga

Por Diego Mota

Indígenas da etnia mundurucu estão amotinados no centro da cidade de Jacareacanga para protestar contra a morte de 18 índios, ocorridas somente neste início de ano. 15 líderes indígenas estão comandando o protesto e estão concentrados nas proximidades do centro de saúde do município. Pintados e armados, como se estivessem preparados para a guerra. A informação é que o clima é de tensão.

De acordo com relato dos índios entre os que morreram sete foram crianças que apresentavam sintomas, como febre, diarréia e vômitos. Suspeita-se de malária e dengue. Os índios denunciam que não há medicamentos, nem médicos e enfermeiros para atender as necessidades emergenciais. Ainda segundo as lideranças indígenas, o atendimento é de péssima qualidade e diante da precariedade os índios acabam morrendo.

Os líderes indígenas dizem que vão aguardar a vinda de representantes da FUNASA de Brasília e da gerencia da FUNAI para negociar. As reclamações são: alto índice de mortalidade indígena, falta de medicamentos, sistema de abastecimento de água inoperante. Os índios reivindicam estruturação das farmácias básicas com medicamentos; construção de uma casa de saúde em Jacareacanga; transporte maior para o atendimento aos enfermos; aquisição de rádios amadores; treinamento para os enfermeiros; compra de mosqueteiros; melhor comunicação entre fundação esperança FUNASA e o conselho; normalização dos repasses em atraso por parte da FUNASA.

Um conselho foi criado entre os índios para negociar com a autoridades que devem chegar nos próximos dias a cidade, no entanto as lideranças informaram que estão dispostas a tudo para resolver a situação.

Não é a primeira vez que esta questão é discutida em Jacareacanga, desde que o convênio para a saúde indígena passou da administração municipal para a Fundação Esperança, por suspeita de fraude. A mortalidade indígena não é encarada com naturalidade pelos índios que acusam a administradora dos recursos de negligencia e falta de competência para gerenciar os recursos e naturalmente zelar pela melhoria da qualidade do atendimento à saúde dos índios mundurucus.

Fonte: Província do Tapajós